sexta-feira, 20 de outubro de 2017

"Omo, quem reforçou clichês de gênero foi você!": a moda da agenda da Ideologia de gênero













Duas semanas atrás (06) um comunicado público da empresa de materiais de limpeza Omo deu o que falar. Para promover a Semana das Crianças, foi veiculado no Youtube um vídeo que incentivava os pais a deixarem seus filhos brincarem livremente, sem se preocuparem com padrões, regras e normas. Assista:






Um vídeo curto que, a princípio, não tem nenhum problema, mas que pelo visto tem gerado revolta nos internautas - já que são mais de 245 mil dislikes, contra 50 mil likes (até o momento dessa publicação). Você pode se perguntar: mas qual o problema de meninos se divertirem com brinquedos e brincadeiras de meninas e vice-e-versa? Diria que nenhum, mas a forma como a marca colocou que é o grande problema da questão. Irei transcrever o Comunicado (com grifos):


"Comunicado urgente para pais e mães

Omo convoca pais e mães a fazerem recall de todas as brincadeiras que reforcem clichês sobre gênero, com o objetivo de ressaltar a importância da experiência e do desenvolvimento das crianças. Meninas podem, sim, se divertir com minicozinha, miniaspirador e mini-lavanderia, mas também podem ter acesso a fantasias de super-heróis, bloquinhos de construção, carrinhos velozes e dinossauros assustadores. E meninos também devem ter toda a liberdade para brincar de casinha, gostar de castelos, trocar fraldas de bonecas e ter uma incrível coleção de panelinhas. Porque mais importante do que o brinquedo é a brincadeira, a participação dos pais no processo de aprendizagem e os momentos que vão marcar a vida delas para sempre. Esse comunicado tem caráter educativo e busca convidar pais e mães, nesta data tão especial, a incentivarem seus filhos a se divertirem sem se preocupar com cores, regras ou padrões. Junte-se à Omo na campanha pelo direito de toda criança de se sujar e brincar livremente.


Compartilhe o vídeo e seus #momentosquemarcam ao longo da semana com a gente. Não deixe o Dia das Crianças passar em branco."



Em minha opinião, meninos podem, sim, brincar de casinha, de escolinha, trocar o futebol pelo parquinho, e isso não significa que no futuro ele será homossexual nem nada do tipo. Mas nesse comunicado a Omo descaradamente é a favor da ideologia de gênero, além de influenciar os pais e determinar como eles devem agir com seus filhos. 

Não irei discutir Ideologia de gênero nesse post, até porque ela já foi discutida por Pedro Blanche em postagem anterior. O foco do texto será em como as marcas, redes de televisões, programas jornalísticos e de entretenimento tem aderido à essa agenda, por estar na moda, por ser 'cult' e atual, além de definirem como os pais devem criar seus filhos. O que a Omo - e recentemente a Avon - querem levar em consideração são suas influências nas famílias, e não as dos pais, que envolvem cultura, visão de mundo e formas de educação.

Ser a favor da Ideologia de gênero é ser contemporâneo e vanguardista, mesmo que esta não seja a sua opinião realmente, nem o que acredita em seu íntimo. E daí que você tinha outro posicionamento? O que importa é sua opinião atual e ir na onda da maioria. O que penso ser irônico é uma empresa de sabão falar para pais "não reforçarem clichês de gênero" e "incentivarem seus filhos a se divertirem sem se preocupar com cores, regras ou padrões", sendo que outrora - precisamente em 2016 e em anos anteriores - fora ela mesma que estereotipou brincadeiras de meninas e meninos. Duvida? Veja a imagem abaixo!














Para a Omo, até certo tempo menino brincava de bola e menina brincava de bambolé. Ela não inverteu os papéis: menino com bambolé (Nem vestido de princesa, como a propaganda da Avon!) e menina jogadora de futebol. "Mas, Emerson. Agora os tempos são outros". É mesmo?! Os tempos são outros, mas muito me surpreende uma empresa mudar sua identidade assim da noite para o dia. Uma identidade que já estava construída há 15 anos.


A identidade da Omo em 5 vídeos

Agora, irei traçar como a Omo retratava as crianças e os gêneros até pouco tempo através de 5 vídeos.


1- Menino aventureiro!



Para a Omo, ser aventureiro, corajoso e vertir-se como escoteiro pertencia ao padrão masculino. Na propaganda abaixo não é uma menina que se aventura e visualiza um filhote de onça pela câmera. Assista:






2- Atividades desafiantes



Superação de desafios, obstáculos e perigos eram atividades de rapazinhos para a Omo, por mais que seja apenas andar de bicicleta! Já perceberam que só quem enfrentava o perigo eram os meninos (Vídeo 1 e 2) nas propagandas da marca de sabão em pó, né? "Mas Emerson, você está sendo muito radical!" Eu radical? Agora vocês verão quem é!






3- Futebol? É com rapazinhos!



O vídeo a seguir é bem recente (março desse ano), e prova a minha teoria que a Omo aderiu a agenda da Ideologia do gênero por estar na moda, mais do que ser sua identidade, visão e valores. Na propaganda, um menino entra com uma bola de futebol todo cheio de lama em uma sala e seu pai o vê. Futebol? Era com rapazinhos! Observe:







4- Por que não uma mulher?!


Quando vi o vídeo abaixo me perguntei por que não é uma mulher que pode construir uma montanha-russa muito louca, fazer um totó artesanal, entre outras invenções? Porque para a Omo, até pouco tempo atrás, ser criativo, inventivo e inovador eram atividades masculinas. "Bloquinhos de construção" - fazendo uma correlação com o comunicado recente - eram brinquedos de menino. Uma guria jamais poderia construir uma pista de corrida ou uma montanha-russa. Assista:





5- Brincadeiras de meninos e meninas


Deixei o melhor vídeo para o final. Aqui a fabricante deixa claro quais eram as brincadeiras de meninas e de meninos. Nele, um menino está com um óculos malucos e se aventura a se equilibrar em um muro, enquanto sua mãe o observa; outro anda de bicicleta (vídeo 2 apresentado); uma garotinha pula serelepe em uma poça de lama; e outra brinca de escorregador em um parquinho e canta toda fofurinha uma música em inglês. Para a Omo, uma menina não poderia estar se aventurando em um muro, nem um menino brincando de parquinho ("Não vai jogar futebol, não, rapaz!", é o que a Omo lhe diria). Veja:






O tal do recall


Quando vi o comunicado BRILHANTE e BRANCO (Olha o trocadilho! kkk) da Omo logo me perguntei qual teria sido o sentido dela ter usado a expressão recall - que aparece no início do texto. Pesquisei dois conceitos na internet, um do Google e o outro do Procon do Pará. Leia-os (com grifos):

"recall ɹɪ'kɔl/ substantivo masculino: convocação por parte de fabricante ou distribuidor para que determinado produto lhe seja levado de volta para substituição ou reparo de possíveis ou reais defeitos." - Google

"[...] o Recall, ou chamamento, é o procedimento gratuito pelo qual o fornecedor informa o público e/ou eventualmente o convoca para sanar os defeitos encontrados em produtos vendidos ou serviços prestados. O objetivo essencial do Recall é proteger e preservar a vida, a saúde, a integridade e a segurança do consumidor, além de evitar e minimizar prejuízos físicos ou morais." - Procon do Pará


Mas não foi com o sentido publicitário que a Omo utilizou essa expressão, afinal, nenhuma linha de seus produtos voltou para as indústrias (Pelo menos não tenho conhecimento disso). O que a empresa quis dizer é que as atitudes dos pais precisam passar por uma reformulação e ela estaria ali de prontidão para isso. Vamos relembrar o que foi dito? (com grifos)

"Omo convoca pais e mães a fazerem recall de todas as brincadeiras que reforcem clichês sobre gênero, com o objetivo de ressaltar a importância da experiência e do desenvolvimento das crianças."


Para a Omo, o posicionamento dos pais está com defeitos e pode trazer prejuízos físicos e morais. Como se ela palpitasse que a forma de educação, visão de mundo e cultura destes estão ultrapassadas, sendo necessário que eles "retornem à fábrica", revejam seus conceitos e obtenham posicionamentos mais atuais e contemporâneos. 

Se a empresa possui essa visão, é sensato que ela também passe por um recall de identidade, uma vez que até pouco tempo reforçava clichês de gênero. A empresa, a partir dessa lógica, também deveria retornar à fábrica por estar cheia de defeitos e estereótipos já formados. Sendo assim, depois do recall da empresa, quero que ela traga uma NOVA PEÇA PUBLICITÁRIA com meninos brincando de casinha, se sujando com molho de tomate ao cozinhar e com vestidos cheios de lama! Quer fazer recall? Então faça direito! Quer ser a favor da Ideologia de gênero? Então faça bonito! Isso é pra agora, pra ontem!



Era preciso mesmo o engajamento da Ideologia de gênero para a campanha #Momentosquemarcam?


Me pergunto se era mesmo necessário que a Omo apelasse e aderisse para a Ideologia de gênero para promover uma hashgtag. Isso porque a empresa sempre reforçou clichês de gênero, como puderam ver em seus próprios vídeos. 

Era mais fácil ela ter lançado a campanha #Momentosquemarcam pelo que já fazia com frequência e tradição. Me lembro muito bem do slogan "Por que se sujar faz bem" que era criativo e interessante. E a empresa não precisou apelar para Ideologia de gênero, nem nada. Agora, ela faz isso, o que soou falso, hipócrita, destoante e contrário à sua identidade. Leia a forma como a Omo lançou a campanha #Momentosquemarcam (com grifos):

"Não existe brincadeira de menino e brincadeira de menina. Toda criança tem o direito de se sujar e se divertir livremente, sem cores, regras ou padrões. Junte-se à OMO nesta campanha. Não deixe o Dia das Crianças passar em branco. Compartilhe o vídeo e seus #MomentosQueMarcam com a gente."


Realmente não há distinção entre brincadeiras de menino e de menina, mas o problema é como a Omo colocou isso, como já havia dito, e como ela quer promover a agenda da Ideologia de gênero de qualquer maneira, mesmo que isso não seja sua visão.

Recentemente (11), a empresa publicou um novo vídeo explicando "realmente" o que ela quis dizer com o comunicado e e a campanha. De acordo com ela, "toda criança tem direito de se sujar e brincar livremente". Mas o que há por trás desse discurso é aderir à moda da agenda Ideologia de gênero. Veja o vídeo publicado:






Colocou-se uma 'encenaçãozinha' de uma menina e um menino brincando com tintas, e duas garotas andando de skate. Mas isso soou falso e não tem a ver com a identidade tradicional da marca, em minha opinião. O vídeo também está longe (BEM LONGE!) de ser um recall da Omo. Aliás, minha proposta está de pé, vamos relembrar?

"Sendo assim, depois do recall da empresa, quero que ela traga uma NOVA PEÇA PUBLICITÁRIA com meninos brincando de casinha, se sujando com molho de tomate ao cozinhar e com vestidos cheios de lama!"


Por último, deixo a descrição do vídeo acima (com grifos):

"Vimos que tem muita gente falando da mensagem de OMO sobre o Dia das Crianças. Nossa intenção é celebrar que toda criança tem direito de se sujar e brincar livremente, de maneira positiva e saudável. Mais importante que o brinquedo é a brincadeira, o aprendizado, a participação dos pais e os momentos que marcam. É o que promovemos há 15 anos: os momentos positivos que resultam do brincar. Junte-se à OMO para comemorar o Dia das Crianças.

Viva, se suje e compartilhe momentos que marcam."



"Emerson, e você é a favor ou contra a Ideologia de gênero?!". Caros, esse não é o objetivo do post, mas sou contra, piamente, a mídia, marcas e empresas pautarem como as pessoas devem ser e agir. A Omo, Avon, Rede Globo, etc, entraram em uma seara que não lhes dizem respeito. E, muitas vezes, ao comprar essa briga pode ficar feio para as empresas, que antes tinham uma visão de mundo e agora outra. J-J


Por: Emerson Garcia

11 comentários :

  1. Oi, td bem?
    Tb acho que fica feio para as empresas... Infelizmente o mundo anda muito comercial, as pessoas não estão mais lutando por coisas q acreditam, nem elas sabem mais pelo q lutar...
    www.somosvisiveiseinfinitos.com.br
    Vídeo novo: https://www.youtube.com/watch?v=9R-CfNfOPwI

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    1. Gostei da sua reflexão. Tudo tem que ser feito com racionalidade.

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  2. Eu não tinha visto ainda o vídeo, nenhum dos dois na verdade.. e também achei que ficou mal expressado e de mal gosto a ideia..

    http://www.vivendosentimentos.com.br

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    1. A Omo tentou, mas não conseguiu manifestar uma explicação clara.

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  3. Eu não vejo problema em as marcas se posicionarem quanto a isso. Acredito sim que seja marketing, mas acho essa discussão importante e, se a Omo conseguiu pelo menos gerar algum debate, já acho que foi um progresso.

    Beijos ♥

    Jéssica || Fashion Jacket
    www.fashionjacket.com.br

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  4. A Omo causou uma grande reboliço por causa dessa campanha. Também não acho que cabe a ela dizer, dessa forma, o que é melhor para crianças.

    rasgadojeans.blogspot.com

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  5. Sem dúvidas conseguiram o que toda empresa quer: visibilidade. Pra eles é aquele ditado: falem bem ou falem mal mas falem de mim.

    www.mayaravieira.com.br

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    1. Verdade. A Omo ficou na mídia e foi bastante falada pelos internautas e pelo público.

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  6. Nenhuma empresa tem o direito de influenciar ou ditar como pais devem educar seus filhos! Já estou com "OMOFOBIA"

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