quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Glass, Nash e esquizofrenia



O preço de uma verdade, lançado em 2003, com direção de Billy Ray, mostra um jovem jornalista, de nome Stephen Glass (Hayden Christensen), que passa por maus bocados em sua profissão, devido à total invenção de fatos em seu artigo “O paraíso dos hackers”. Esta produção traz à tona uma outra: Uma mente brilhante.

Filme lançado em 2001, com direção de Ron Howard, conta a história de John Nash, homem que tem imaginação fértil e pensa conviver com pessoas, como uma menina de 10 anos, um amigo muito chegado e seguranças russos.

Nash possui uma mente brilhante capaz de resolver cálculos incalculáveis, e de ser um ás na matemática na Universidade de Princeton. Todo esse talento é colocado à prova quando ele acredita ver pessoas que não existem, e estar sendo perseguido por uma organização conspiratória. Descobre, portanto, que tudo nada mais é do que fruto de seus pensamentos. Termina internado com o diagnóstico de esquizofrenia, doença social que faz a pessoa ouvir vozes e criar histórias.

Percebe-se que essa história se conecta à de O preço de uma verdade. Existe uma complementaridade. Enquanto nesta o protagonista obteve êxito com algo que foi criado, mas foi questionado posteriormente, em Uma mente brilhante, John Nash obtém sucesso e ganha o prêmio Nobel de Economia mesmo sendo considerado louco.

Há dois lados da moeda. O primeiro diz respeito ao lado positivo de criar histórias, de ser considerado gênio. O segundo é o lado negativo. Existe um preço que se paga quando se mente, se inventa e se cria, e esse preço pode até mesmo ser a perda de um emprego.

Em O preço de uma verdade vemos o protagonista como um jovem, inexperiente, que mais procurava o sucesso do que qualquer outra coisa. Stephen Glass o tempo todo cria histórias fantásticas, que parecem reais. Por outro lado ele sempre procura alternativas de não ser questionado acerca dessas histórias. No filme inteiro há a narração dos fatos do artigo de Glass. O recurso cinematográfico que é utilizado são imagens, que à medida que Glass narra elas passam, como se fosse um conto.

No início do filme há toda uma encenação épica, que mexe muito com a imaginação e o sonho. Todos esses elementos - a figura de Glass em um local público com pessoas vagando de um lado a outro, a câmera com um movimento de 360º e a narração do protagonista - são emblemáticos no sentido de afirmar o assunto central do filme.

Há, também, recursos, como o flashback que faz com que a história, baseada em um fato real, pareça verdade, mas que não é. Desde o começo Glass conta sua trajetória na revista The New Republic para alunos de graduação, e também dá dicas e alertas acerca do jornalismo. A película sempre intercala as ações da sala de aula juntamente com as ações da redação. O que leva a crer que Glass conta sua própria história para os alunos.

No entanto, no final sabemos que aqueles alunos não existem, que aquela cena nunca aconteceu e que aquele discurso nunca foi dito. Parecia que era uma cena verídica, mas nada mais foi do que uma manifestação da doença do protagonista. Tal como em Uma mente brilhante.

O médico-psiquiatra de Nash diz em uma cena que a grande frustração de quem mente não é saber que as pessoas que ela idealiza, que os lugares que ela pensa, que as ações que ela imagina, morreram; e sim, que as pessoas que ela idealiza, os lugares que ela pensa, as ações que ela imagina, de fato nunca existiram.

Podia parecer frustrante para Nash a questão de saber que nada daquilo que pensava era real, mas, mesmo assim, ele consegue utilizar-se da esquizofrenia de outra forma. Consegue ver o que ninguém vê: imagens no céu formadas pela união de estrelas, como um guarda-chuva; equações e gráficos em matérias de jornal; e equações que transcrevem uma bolsa sendo roubada de uma mulher.

Já no caso de Glass, mesmo com a confirmação de que nada do seu artigo era verdade, que ele tinha criado fontes, ele continua acreditando em sua história. A mentira era algo normal para ele. Ele já estava acostumado. Isso revela um estágio complicado da esquizofrenia.

Uma mente brilhante consegue ir mais a fundo no tratamento da esquizofrenia que O preço de uma verdade. Neste, as mentiras de Glass são colocadas à prova. Ele se vê obrigado a ligar para as pessoas que inventou, a ir a lugares que imaginou. Naquele preza-se mais pelo tratamento da doença, o que deveria ocorrer neste, e não ocorre, privando-nos de entender por que a pessoa mente, e quais os tratamentos necessários para ela. (JJ)


Por: Emerson Garcia

Um comentário :

  1. Oi
    Nossa, muito interessante a sua postagem! Eu já assistir Uma mente brilhante, agora o Preço de umaverdade nunca, mas parece ser bom!
    Eles abordam a questão, por que as pessoas mente. Eu acho que já é do nosso instinto. Não sei explicar bem.
    Ameei a postagem!

    Beijo
    :*

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