Atualmente a Globo tem vivido um momento único em sua trajetória, pois as três protagonistas de suas novelas inéditas possuem algo em comum: são negras. Duda Santos, Clara Moneke, Bella Campos e Taís Araújo tem brilhado nas peles de Beatriz, Leona, Maria de Fátima e Raquel em Garota do momento, Dona de mim e Vale tudo. As protagonistas negras representam um marco significante na representatividade racial na teledramaturgia brasileira, trazendo à tona personagens complexas e histórias que refletem a diversidade do país.
Beatriz é uma jovem garota que vai para o centro do Rio de Janeiro atrás de sua mãe, após descobrir que ela está viva. Negra, sofre preconceitos e passa a estrelar como garota propaganda de uma marca de sabonetes. São vários os episódios que sofre por conta da cor de sua pele. Leona é uma mulher forte e de fibra que passa pelo trauma de perder o seu bebê e torna-se babá de uma pestinha para ajudar sua irmã a não trancar a faculdade. Sofre pouco, e bem menos que Beatriz, por sua cor de pele. Aqui sua resiliência e força feminina batem mais forte. Maria de Fátima é uma jovem mulher que faz de tudo para galgar posições de valor na sociedade, nem que tenha que ser antiética e desprezível. Ao contrário de sua mãe, Raquel, que também tem ambição, mas não precisa passar por cima de ninguém para conquistar seus objetivos.
A escolha de atrizes negras para compor as personagens não foi feita por acaso, existe um motivo mas, no caso em específico de Maria de Fátima e Raquel, há um tom de ousadia, já que na versão original de Vale Tudo, as atrizes não eram negras, e sim brancas. Ao colocar atrizes negras para interpretar as personagens, há toda uma carga de representatividade social e racial, que não havia na versão original da novela das 9. A escolha de Duda Santos e Clara Moneke, por sua vez, foi proposital. Enquanto a personagem de Duda enfrenta preconceitos por conta da cor de sua pele em 1958, a de Clara é uma personagem resiliente e forte, ou seja, uma babá negra nos tempos atuais, por volta de 2025, que ainda não enfrentou preconceitos velados por conta da cor da sua pele, mas que, possivelmente, irá sofrer.
A autora Manuela Dias destacou que a escolha de Taís Araújo e Bella Campos nos papeis de Maria de Fátima e Raquel representa uma reparação histórica, dando visibilidade a mulheres negras em personagens de destaque. Já colocar Duda e Clara em papeis assim, também possui o mesmo objetivo. Essa, talvez seja a primeira vez que em três novelas, ao mesmo tempo, há o protagonismo com mulheres negras. E não para por aí... O elenco de Garota do Momento e Dona de mim possuem um amplo número de atores negros atuando, o que também é um feito histórico. As tramas possuem de cerca de 65% a 70% de representatividade negra. Se nos anos 1950, em que se passa a trama de Garota do momento, o preconceito contra negros era exacerbado, atualmente ele ainda pode aparecer por meio de comentários e atitudes racistas.
Mesmo com essa representatividade negra nas três novelas da Globo atualmente, ainda há pessoas que não vê tais posicionamentos e atitudes do canal com bons olhos. Alguns acreditam que trata-se de uma intervenção oportunista, visando unicamente passar a imagem de uma empresa obcecada pelas pautas identitárias. Do ponto de vista dramatúrgico não está funcionando a contento ainda. A escolha dá-se, em alguns momentos, por atores bastante inexpressivos, que ninguém nunca viu em alguns casos, talvez para pagar menos, já que os atores famosos, que ganhavam mais, foram demitidos. Por um lado, isso é plausível, já que somente Tais Araújo é conhecida, enquanto Bella Campos, Clara Moneke e Duda Santos estrelam o protagonismo negro pela primeira vez e não tiveram papeis expressivos até então. Mas, ao meu ver, isso é o de menos. O que tenho visto é um protagonismo que dá gosto de ver, em um feito inédito no canal e talvez na telinha de um modo geral.
O fato é que essas produções refletem um avanço significativo na representatividade negra na televisão brasileira, oferecendo narrativas que valorizam a diversidade e promovem a inclusão. Essas quatro protagonistas não apenas protagonizam tramas instigantes, elas representam a transformação de uma indústria que, por décadas, marginalizou ou estereotipou personagens negros. Atualmente, elas estão no centro das narrativas, com histórias próprias, nuances e espaço para brilhar. Enfim, as novelas atuais mostram um Brasil realístico, diverso, potente e plural, que merece ser visto em sua totalidade na tela. J-J
Por: Emerson Garcia
Boa tarde e uma excelente quarta-feira, com muita paz e saúde. Confesso que não vejo novelas da Globo. Acho que a cor não define o talento na arte de interpretação. Mais é um grande conquista, fora os testes e obstáculos.
ResponderExcluirAcho muito bom que isso esteja mudando. Não faz sentido privilegiar uma raça em prejuízo de outra, que representa a maior parte da população.
ResponderExcluirBeijão
Confesso que nõa costumo ver novelas.
ResponderExcluirIsabel Sá
Brilhos da Moda
Eu particularmente acho isso bom, mulheres negras fazem bons trabalhos, que legal que a Globo está mudando, Emerson abraços.
ResponderExcluirGostei muito desta sua publicação, JJ.
ResponderExcluirJá estava na hora de alguma representatividade
de actrizes negras, que têm sido relegadas para
segundo plano. E que continue evoluindo.
Um abraço
Olinda
Não tenho costume de assistir novelas, mas é importantíssimo a representatividade de pessoas pretas em todas as áreas. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/