Eu vi #01: “Imagem de cinema”, Rio Verde digital e “microônibus” para crianças

Nossos destaques de hoje | Rede Globo e SBT

Assistir TV para mim é mais que diversão, informação e prestação de serviço: é notar certas coisas que um cidadão comum não percebe. Nestas últimas semanas notei que os displays das emissoras de televisão em Brasília estavam ficando pequenos, como se fosse uma “imagem de cinema” conforme a ilustração seguinte:

Imagem de 16:9 dentro de uma tela de 4:3 | Rede Globo

Tirei fotos da televisão e postando o horário em que isso acontecia. Até então, naquela quinta-feira, 22 de fevereiro de 2016, não entendia o por quê da tela da TV estar daquele jeito. Minhas notas são essas:

09h50 (UTC-3) Quem sintonizou o sinal analógico da Band Brasília viu - ou no meu caso vejo agora - barras horizontais na tela parecendo "imagem de cinema".

11h14 (UTC-3) Assim como a Band, o sinal analógico da Record Brasília exibe as barras horizontais na tela da TV. É defeito de imagem ou uma tendência? Só vou acreditar na segunda hipótese se houver uma terceira emissora fazer a mesma coisa.

21h32 (UTC-3) Agora veio a TV Anhanguera de Luziânia (Rede Globo) com isso. Depois da propaganda do PMDB, o SBT aderiu a redução de imagens. Daqui em diante será assim que veremos a imagem nos televisores analógicos. Até agora a Globo Brasília e TV Brasília/RedeTV! estão com o display normal. Imagem pequena (16:9) cabendo numa tela grande (4:3) aparecendo as barras horizontais. Um incômodo por sinal.

23h23 (UTC-3) Agora foi a vez da Rede Globo compactar a imagem de 16:9 na tela de 4:3. Queria tanto saber a razão disso tudo. Assim que o BBB 16 acabou veio a troca de display.

As mudanças de display ao longo do dia | Band, Record, TV Anhanguera (Globo) e Rede Globo 

Procurei tanto saber do assunto. Até o site da Rede Globo informou que este procedimento era uma imposição do ministério das Comunicações às emissoras de televisão (grifos meus):

MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES

PORTARIA Nº 378, DE 22 DE JANEIRO DE 2016

Art. 8º As informações de que trata o art. 7º deverão ser veiculadas na programação das entidades outorgadas para execução dos serviços de Radiodifusão de Sons e Imagens, pelo menos trezentos e sessenta dias antes da data do desligamento da transmissão analógica para cada localidade.

§ 1º Na divulgação de que trata o caput, as entidades deverão, obrigatoriamente, nas suas transmissões analógicas:

I - adotar a proporção de tela de 16:9 (formato widescreen) em todas as suas transmissões, ressalvados, se assim desejarem, os programas jornalísticos, os espaços destinados à publicidade comercial e os programas originalmente produzidos no formato de imagem 4:3;

Em Brasília, a Band e a Record adotaram o formato orientado pelo MC exceto a grade local. A Globo adotou o novo padrão em toda sua programação; o SBT fez o mesmo porém “esticou” seu display 4:3 para adotar o formato 16:9. Na capital do Brasil e região metropolitana o sinal analógico será desligado em 26 de outubro de 2016.

Para quem não tem intimidade, os números 4:3 e 16:9 representam os formatos adotados na televisão. Veja este exemplo:

Rio Verde, Goiás: 85% digital

Em 1º de fevereiro de 2016, a cidade goiana de Rio Verde foi a primeira do Brasil a ter emissoras de TV operando exclusivamente em sinal digital. A TV Anhanguera/Globo desligou o canal 12 durante a exibição do Jornal Anhanguera 1ª edição:

Após o desligamento do sinal analógico uma mensagem será veiculada por 30 dias sobre o assunto e os procedimentos que o telespectador terá de fazer para continuar assistindo TV em sua cidade.

“Microônibus” em vez de “micro-ônibus”

Microônibus! I SBT

Lá estava eu na internet e acessei o site do SBT (no qual parabenizo por disponibilizar seu sinal na íntegra) quando vi os momentos finais do jogo da charada do Bom dia e cia onde o participante tem que adivinhar qual é a palavra por meio de dicas. Ao lado do rosto da apresentadora Silvia Abravanel há a palavra “microônibus” escrita do jeito antigo.

Desde 1º de janeiro de 2016 a nova ortografia sacramentada em 1990 e em vigor desde o mesmo dia e mês de 2009 é obrigatória no Brasil. A regra do hífen acerca do verbete exibido na TV é simples: palavras com vogal igual à última do prefixo devem ser sempre separadas. Deixando claro que o correto é micro-ônibus.

Num programa dedicado às crianças, um detalhe como este deveria ter sido notado pela produção. J-J

Por: Layon Yonaller, colaborador especial do Jovem Jornalista